domingo, 1 de agosto de 2010

BASES DA EPISTEMOLOGIA NATURAL

BASES DA EPISTEMOLOGIA NATURAL

Wéllisson Santos Caetano

Este esclarecimento indica que a análise exclusiva dos conhecimentos científicos
deve ficar no campo da filosofia da ciência.

Como Filosofia da Ciência Tradicional, caracteriza-se o surgimento do discurso
epistemológico moderno, identificando os traços que definiram a fase pioneira do
Modelo Empirista de Ciência: empirismo britânico, racionalismo e positivismo
moderno, a partir dos autores mais importantes desses movimentos,
respectivamente Francis Bacon, René Descartes e Auguste Comte. A afirmação da
autonomia da razão não é exclusiva do racionalismo, mas a partir deste, de todo o
pensamento moderno. Bacon era consciente do papel fundamental reservado à
ciência no progresso futuro da humanidade.

Bacon parte dos fatos empíricos do mundo natural para promover a dúvida crítica
com respeito ao saber tradicional; da investigação metódica e da classificação
sistemática da informação, baseada em dados objetivos; da rigorosa
experimentação e da aplicação essencialmente prática de todo o conhecimento.

No racionalismo, os conhecimentos válidos e verdadeiros sobre a realidade são
procedentes da razão e não dos sentidos e da experiência. O positivismo de Comte,
nascido na atmosfera cultural da burguesia industrial, estabelece uma série de
afirmações com pretensão de verdade e uma teoria da realidade que trata da ruptura
da antiga unidade social e do desajuste e crise da sociedade, como conseqüências
da revolução francesa e da situação criada pela industrialização.

Popper assinala dois problemas à epistemologia: o do conhecimento do sentido
comum e o do conhecimento científico. Na construção da epistemologia natural têm
lugar, inclusive alguns aportes isolados, provenientes da epistemologia e da ciência
convencional.

A análise da ciência não deve permanecer restrita ao campo das idéias e interesses,
externos à ciência (contexto da descoberta) ou aos fatores internos à ciência
(contexto da justificação epistemológica). O terceiro é o Contexto da Avaliação
Científica, onde ocorre a aplicação dos métodos e do instrumental analítico e a
contrariedade com outros membros da comunidade científica. As teorias da
bifurcação e das estruturas dissipativas hoje são utilizadas em vários campos, como
no estudo do caos do trânsito. Da parte ao todo: as propriedades das partes só
podem ser compreendidas a partir da dinâmica do conjunto. Da ciência objetiva à
ciência "epistemológica": a observação é dependente do observador, portanto as
descrições científicas não são objetivas, independentes do processo de
conhecimento. Da verdade ao conhecimento aproximado: os cientistas devem
substituir a busca da verdade absoluta e da certeza por descrições aproximadas e
limitadas da realidade (neste ponto, Capra revela aproximação à epistemologia
proposta por Popper). Isso significa recuperar a essência da técnica, liberando o
modo da servidão tecnocrática.

Um dos temas defendidos no âmbito da transição paradigmática, e que pode ser
incluído no espectro da base epistemológica natural, é a participação dos atores
sociais implicados.

Neste sentido, as contribuições de Kuhn, ainda que de grande interesse para a
compreensão da organização da prática científica e para a explicação do
desenvolvimento da ciência, são limitadas por não terem mencionado o papel dos
cientistas na organização da sociedade. Também é preciso ir além da prática da
"ciência normal", na qual energia e tempo são gastos na pesquisa do que "já
sabemos".

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